Brasília – Um relatório sigiloso da Polícia Federal (PF) detalha como o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, movimentou pelo menos R$ 53,5 milhões entre 2022 e 2024 por meio de 22 empresas de fachada, atuando como intermediário de associações que descontavam mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização.
O documento revela que Antunes repassou cerca de R$ 9,3 milhões a servidores e pessoas ligadas a eles, incluindo familiares dos ex-diretores André Fidelis e Alexandre Guimarães. Além disso, R$ 7,5 milhões foram transferidos para Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral Virgílio Oliveira Filho, que chegou a receber um Porsche Taycan 2022 do lobista.
Para dissimular os repasses, o “Careca do INSS” constituiu 19 das 22 empresas investigadas a partir de 2022, todas registradas sob o mesmo endereço e CNAE voltado à compra e venda de imóveis. Quatro dessas firmas estão diretamente envolvidas na movimentação irregular de recursos.
Apesar de declarar renda mensal de R$ 24.458,23 e patrimônio entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, o relatório aponta que, entre 22 de abril e 16 de julho de 2024, Antunes adquiriu R$ 14,375 milhões em bens imobilizados, sugerindo “urgência em dificultar o rastreamento dos valores”.
Relações políticas
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que Antônio Carlos Camilo Antunes fez doação de R$ 1 para a campanha de Jair Bolsonaro (PL) em 12 de setembro de 2022, antes do primeiro turno, indicando um vínculo financeiro com o partido CNN Brasil. Em audiência na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, o ministro Carlos Lupi chegou a mencionar o apelido “careca” ao questionar a atuação de operadores externos no INSS, evidenciando o envolvimento do caso nas discussões políticas sobre o órgão federal.
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