A Força Aérea Brasileira (FAB) encontra-se em meio a uma polêmica que expõe os desafios históricos e as dificuldades logísticas no fortalecimento de sua frota de caças. Após mais de uma década de negociações, os caças Gripen NG, adquiridos da Suécia em 2014, ainda não foram entregues integralmente. Até o momento, apenas 9 das 36 aeronaves contratadas chegaram ao Brasil. No entanto, essas unidades ainda não estão plenamente operacionais, sendo consideradas aptas apenas para treinamento.
A demora na entrega e a ausência de configurações armadas nos Gripen NG suscitaram críticas à capacidade da FAB de atender às demandas de segurança em um cenário de conflitos globais cada vez mais tensos. Enquanto isso, a administração do presidente Lula avalia novas possibilidades, como a aquisição dos caças Chengdu J-10, fabricados na China. Esses caças multifuncionais de geração 4.5 já são utilizados por países como China e Paquistão.
Parceria com Alcântara no radar
A proposta de compra dos J-10 estaria associada a uma parceria estratégica envolvendo o uso da base de Alcântara para lançamentos de foguetes chineses da série Longa Marcha, voltados ao transporte de satélites. Na visão da cúpula da FAB, diversificar os fornecedores de equipamentos militares se tornou uma necessidade diante da instabilidade geopolítica. A Suécia, por exemplo, enfrenta alertas constantes de conflito com a Rússia, o que pode impactar a continuidade das entregas dos Gripen NG.
Geopolítica e tensão diplomática
Embora a diversificação seja considerada essencial, a possível parceria com a China levanta preocupações no âmbito internacional, especialmente com os Estados Unidos. A decisão, vista como um “bode na sala” para os americanos, evidencia os desafios diplomáticos enfrentados pelo Brasil ao negociar com diferentes potências.
Além disso, a FAB enfrenta outra questão sensível: a perda de pilotos qualificados, um problema que compromete ainda mais a capacidade operacional da força aérea. Especialistas sugerem que a alternativa para o futuro da aviação militar brasileira pode passar pelo uso de drones, uma tendência já consolidada em diversas forças armadas ao redor do mundo.
A discussão em torno do fortalecimento da FAB reflete a urgência de investimentos estratégicos para garantir a soberania nacional em tempos de incertezas globais. No entanto, a complexidade das decisões e suas implicações políticas e econômicas mostram que o caminho para uma defesa robusta ainda é longo.